Sexta-feira, 26 de Novembro de 2004
Outro dia, em amena cavaqueira com um amigo, aqui no Olimpo, dissertávamos sobre algo irrefutável e verdadeiro.
A puta da ignorância é o pior mal do mundo. Devasta populações inteiras, dizima sociedades, ceifa vidas!
O exercício é fácil e rápido. Pensem na quantidade de mortes, desastres, calamidades etc e tal que nos chegam todos os dias através dos media e tentem decifrar o motivo.
Acidentes rodoviários- ignorância pura e dura por parte dos condutores. Ou porque desconhecem o código da estrada (ignorância pura), ou porque pensam que só acontece aos outros (ignorância dura).
Mortes por doenças infecto-contagiosas e afins- mais uma vez se repete a história. Ou ignorância pura ou o só acontece aos outros.
Instabilidade das sociedades- Motivo mais uma vez da ignorância da populaça quando vai nas histórias deles e lhes dá os votos.
Guerras- ignorância número um da tabela. Guerra é significado de sofrimento, devastação, doenças, morte etc. Mais ignorante que isto, não sei o que seja.
E por ai fora.
Vivemos a era da informação, é o que se diz. Pessoalmente tenho muitas dúvidas.
ignoti nulla cupido (Ao ignorante nenhum desejo)
Fiquem bem,
Segunda-feira, 22 de Novembro de 2004
Ao longo dos séculos muitos são os mortais que se têm interrogado acerca dos acontecimentos reais, lá no paraíso, onde tudo começou.
Hoje, todas as dúvidas serão esclarecidas.
Hoje conto-vos a verdade. O que motivou Eva a dar a trinca na maçã.
Ela (a maçã) era golden, bem encarnada, suculenta, não daquelas que se compra hoje em dia, que não passam só da aparência. À primeira dentada logo se constata que são maçudas, moles. Naquele tempo, meus caros mortais, não havia pesticidas, enxertos, alterações genéticas e afins. Naquele tempo, tudo era natural. Assim como a motivação de Eva.
E o reptil disse;
-Come do fruto do Ssssaber, que ossss teussss olhossss ssse abrirão, e serássss como ossss deusesssss sabedoressssss!- disse a serpente.
Eva começou por recusar e tal. Mas a serpente insistiu, contou-lhe uma tanga qualquer, que ela precisava de ficar bela para o seu homem e blá blá blá. Isto é o que contam as escrituras. As várias interpretações do acontecimento.
A verdade é tão só esta!
Eva deu a dentada, porque simplesmente estava farta! Cansada! A monotonia estava encrostada na sua vida.
Qualquer paraíso rapidamente se torna num desespero. O bem estar e a felicidade não são eternos meus caros. E Eva, mortal que era, tentou em desespero modificar a sua vida.
E assim o fez. E ainda bem! Porque com sua acção os mortais vindouros aprenderam que por vezes, é preciso dar a volta, mudar algo bruscamente, encontrar um novo caminho, um novo paraíso.
vitam impendere vero (Consagrar a vida à verdade)
Fiquem bem
Quinta-feira, 18 de Novembro de 2004
Todos os dias aprendemos algo. Por muito pouco perceptível que seja, ou nos pareça, todos os dias algo mais se junta à arca da aprendizagem.
Num dia normalissimo, daqueles que julgamos banal, corriqueiro, chato como o caraças, sem nos darmos conta, alguma informação, algo de novo ficou retido no cérebro. E a arca vai enchendo.
É uma capacidade maravilhosa que os mortais possuem, infelizmente muito poucos lhe dão importância.
Até ao final da sua vida, a acumulação de informação, de todos os níveis e aspectos, é igual ou superior a qualquer biblioteca bafienta.
Dai, a importância que devemos dar aos anciões, aos velhinhos, que muito têm para nos ensinar. Transmitir a informação aos descendentes, a passagem do testemunho. É isso que caracteriza as pessoas, que constrói personalidades e formas de estar.
disciplina, pauperibus divitiae, divitibus ornamentum, senibus oblectamentum (O ensino é riqueza para os pobres, adorno para os ricos e distracção para os velhos)
Saudações para todos vós,
Quarta-feira, 17 de Novembro de 2004
Todos na vida já o foram, ou são. Em segredo, com malícia, inocentemente, de propósito ou sem dar por isso.
Todos na vida já foram cúmplices de algo, ou alguém.
Ser cúmplice pode não ser negativo, nefasto. Normalmente os mortais associam-na (à cumplicidade) aos acordos feitos entre as partes. Cúmplice no crime, cúmplice na burla, cúmplice nisto e aquilo.
Pessoalmente prefiro a cumplicidade afectiva. Aquela que se gera quando duas almas resolvem congeminar um acordo celebrado com impetuosidade, com desejo, em que a reciprocidade é a palavra de ordem.
Quando a conivência é mútua, ou seja, ambas as partes comungam da mesma cumplicidade, ai sim, o todo é atingido.
E ela (a dita) está em todo o lado. Como por exemplo na expressão da menina da imagem.
Afinal, meus caros mortais, também ela (Maria Madalena) foi cúmplice d Ele.
Celebremos então, a cumplicidade que há em nós!
de ore tuo te judico (Julgo-te pela tua boca)
Fiquem bem,
Sexta-feira, 12 de Novembro de 2004
Ele;- Diz-lhe, diz-lhe, diz-lhe que é uma cabra, que não presta, que já não gostas dela, que gostas da outra!
O outro;- Não faças isso, não digas! Mantém a postura, não desças o nível! Não digas por favor!!
O gajo;- Não sei o que fazer. Dói-me a cabeça, estou confuso, baralhado!
Ele;- Não ligues ao outro pá!! Diz-lhe que é uma puta! Que a vais deixar!!Diz-lhe, diz-lhe, diz-lhe, Dizzzzzzzzzzz!!!!!
O outro;- Não te deixes levar pela tentação! És uma pessoa sensata! Nada faças!! Não oiças o que ele diz!! Mais tarde falaremos de novo, com calma, levo-te à razão!
O Gajo;- Parem!!! Deixem-me!!
Ele;- Claro que te dói a cabeça seu mentecapto! Ouves o que o outro diz!! Diz-lhe meu cabrão! Diz-lhe que não vale nada! Diz-lhe, diz-lhe, diz-lhe, diz, diz, diz, diz, diz, diz.
O outro;- Não o faças! Ouve a voz da razão! Não o faças! Ela não é tão má assim! E depois? Que vais fazer da tua vida!
O gajo;- Deixem-me! Parem! Não os quero ouvir mais! Não quero saber mais da vossa existência!
Ele;- Mas este gajo é estúpido ou quê? Olha lá oh gaijinho!! Eu sou tu!!
O Outro;- Nesse aspecto concordo com ele...Não te podes livrar de nós! Nós os três somos inseparáveis!
O balançar de emoções, sentimentos, coerência, incoerência induz o equilíbrio nos mortais. Muitos chamam-lhe (ao trio) a consciência! Todos a têm, duma forma ou de outra. E ela, a consciência, resulta tão somente dos valores que possuímos, que nos foram transmitidos
ex informata conscientia (com a consciência informada)
Um óptimo fim de semana para todos vós, fiquem bem,
Quarta-feira, 10 de Novembro de 2004
A pintura é de Miguel Claro
A inércia e a vida rotineira leva por vezes os mortais a esquecerem um poder excepcional que lhes foi atribuído.
O poder lutar por algo que queiram mudar ou que desejem. A capacidade que têm de aceitar desafios, de decidirem qual o rumo que pretendem na vida, ou as decisões a tomar em algumas situações.
Infelizmente, muitos (mortais) não sabem ou não utilizam este dádiva divina. Uns porque simplesmente têm medo e preferem esconder-se nos seus casulos, outros não foram induzidos (educados) a utilizarem esta capacidade. Preferem por isso, viver no abstracto.
aures habent et non audiunt (têm ouvidos e não ouvem)
Fiquem bem,
Segunda-feira, 8 de Novembro de 2004
Culpados de todos os infortúnios da vida, das guerras, destruições, massacres e carnificinas. Culpados dos não aumentos salariais, da miséria que se vê pelas ruas, dos pedintes e sem abrigo.
Culpados dos acidentes de viação, do trânsito que há nas ruas, das injustiças e dos abusos.
Culpados da ganância e da avareza.
Culpados até do mau estar geral, seja ele porque motivo for.
Culpados de tudo e de todos.
São eles! A terceira pessoa! Os Senhores da guerra! Eles, os culpados!
Os mortais têm por hábito apontar o dedo à terceira pessoa. Aquele ser causador de todos os infortúnios, sejam eles pessoais ou globais.
Eu, tu e eles! Sim, eles! Os causadores da desgraça!
O bode expiatório, o agente do mal. Eles!
Mas quando é que vão compreender que o terceiro, são eles próprios?
O eu, rapidamente, num abrir e fechar de olhos, se torna num deles!
Todos são terceira pessoa para alguém.
Estranhos estes mortais.
si vis pacem, para bellum (se queres a paz, prepara a guerra)
Fiquem bem,
Sexta-feira, 5 de Novembro de 2004
A imagem é de Carlos Paez Vilaró, um artista do Uruguai.
Vão surgindo na vida dos mortais, uns duma forma mais perceptível, outros nem tanto. Uns mais felizes outros nem por isso. Uns planeados, outros inesperados. São os momentos que tornam a vida dos mortais tão diferente e maravilhosa.
Do nascer ao por do Sol, eles estão à nossa volta. Quando nos sentimos felizes, é porque agarramos um deles (momentos). Muitas das vezes sem nos apercebemos. O difícil e complicado é mante-los agarrados, não deixa-los fugir, aproveitá-los enquanto sabem bem. Infelizmente, a maior parte deles não passam do que são. Momentos.
Por vezes, muito raramente, um momento torna-se eterno.
Celebremos então os nossos momentos, os passados, presentes e os vindouros.
semel emissum volat irreparabile verbum (a palavra uma vez pronunciada voa irreparável)
Fiquem bem, um óptimo fim de semana para todos vós,
Quarta-feira, 3 de Novembro de 2004
Toda a gente gosta, toda a gente sonha com isso. Uns fazem outros não.
Viajar, conhecer, visitar abre o espirito e a mente. Novos horizontes, formas de pensar e estar.
É sem dúvida um investimento que os mortais, principalmente os jovens, não devem descuidar. Da mesma forma que certos bens, um automóvel por exemplo, é considerado investimento, ou bem de primeira necessidade, as viagens deveriam fazer parte deste mesmo rol. Por variadas razões. Uma delas devido à facilidade de transporte que existe hoje em dia. Outra pelos motivos acima referidos. Abertura de espirito, auto valorização, conhecimento, desenvolvimento de novas línguas e formas de comunicar.
Vivemos a época da tão chamada globalização, aproveitemos então esse leque vasto de oportunidades.
O conhecimento também se atinge interagindo com mortais de diferentes nacionalidades.
Pessoalmente, valorizo-me espiritualmente, profissionalmente e eruditamente com as viagens que faço. Quando saio, aqui do Olimpo.
Viajem caros mortais, soltem-se do vosso espaço.
felix qui potuit rerum cognoscere causas (feliz o que pode conhecer as causas das coisas)
Fiquem bem,
Terça-feira, 2 de Novembro de 2004
É sabido, e consensual, que a nossa sociedade (em termo lacto) muito deve aos pensadores e filósofos que através dos seus pensamentos criaram e desenvolveram teorias do comportamento humano, ciência etc e tal.
É importante lembra-los (aos pensadores) e agradecer-lhes o caminho seguido desde então. A sua contribuição para a humanidade é inequívoca e essencial para o desenvolvimento.
De entre muitos, destaco hoje, aquele, que persistentemente, duma forma quase obstinada pensa e desespera, desde os primórdios dos tempos, aquando a criação do ser mortal humano.
A pilinha!
Vive acoplada (normalmente) aos mortais machos. Escondida no seu recanto conspira diariamente tentando desenfreadamente encontrar formas de encontrar o motivo dos seus pensamentos. Seja noite ou dia, freneticamente, é ele! O pipi!. Sim, o pipi é a obstinação, o desespero de toda a pilinha (mais uma vez generalizo).
Desde o seu nascimento até à sua morte uma uma ideia, um pensamento obstinado consome-lhe a energia. O âmago da sua existência.
Pode parecer ridiculo (e é) mas se pensarem um pouco chegarão à mesma conclusão.
Toda a pilinha procura um pipi e vice versa.
Quando se encontram, estão em casa.
Afinal, tudo isto é sexo.
quot capita, tot sensus (quantas cabeças, tantas sentenças)
Saudações para todos vós,