Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2005
O processo ou a técnica é simples e eficaz.
A libertação do espirito e da alma!
Muitos mortais vivem oprimidos ou retraídos com situações mal resolvidas. Angustias e desaires que por vezes se resolvem com simplicidade e leveza mas que por via das circunstâncias ou talvez algum acomodamento vão deixando ficar para trás, escondidas nos recantos mais sombrios da consciência.
As consequências de tal atitude são terríveis e nefastas. A consciência dos mortais não suporta por muito tempo a indefinição e as situações dúbias. Mais tarde ou mais cedo a dita (consciência) entra em confronto directo com o próprio mortal na tentativa de esclarecer e resolver a ambiguidade que se encontra alojada, provocando danos na estrutura e na composição da identidade.
É por isso, meus queridos mortais, que por vezes um grito de libertação é necessário na vida.
A coragem para a liberdade da alma.
Gritem, libertem-se!
abyssus abyssum invocat (Um abismo chama outro abismo)
Fiquem bem,
Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2005
O Aquiles resolveu intervir mais uma vez neste espaço divino (ou talvez não), dando-nos a conhecer a sua opinião de cidadão activo e interveniente nesta nossa sociedade. Eis pois, a sua prosa.
Nesta altura de eleições deixem-me libertar a ira contida nestas amarras que me cercam. ESTOU FARTO DELES TODOS! FALAM E SÓ DIZEM GENERALIDADES E O PAÍS AFUNDA-SE NA MODORRA!!!!!
Quando devíamos investir na cultura e na educação como fez a Irlanda, continuamos presos à imediatez dos jornais tablóides e dos telejornais em tons garridos com muitas letras a passar e histórias de assassínios em aldeias remotas do interior ostracisado. Mas temos os políticos e a comunicação social que merecemos.
Anti-social
Socialmente subjugado
Sempre sofrendo sendo servidor
Sem saber se sou servo ou senhor
Quero lendo leis ser libertado
Da sepultura onde deitado
Ser cativo supera a própria dor
E o choro soa a doce trovar
Valerá a pena tanta pena
Tanto esforço numa educação
De uma mente que sempre se nega
A dizer-me aquilo que eu sou
E que de tanto ver quase cega
Não fora a liberdade que conquistou
De nunca se entregar
Qual furacão enfurecido
Desfaço as amarras que ferem
Apago as fogueiras que fervem
Em saliva, sangue e suor cuspido
Fujo para o desconhecido
E descubro a natura dos flocos de neve
Penetro então numa espiral
De medo escuro cavernosa
Avisto por fim luz celestial
Da qual me aproximo sem saber
Que sendo fonte de tanto mal
Destrói, trucida, mata com sofrer
Subitamente sinto-me leve.
Um abraço.
Aquiles.
Quinta-feira, 17 de Fevereiro de 2005
Aquela velha frase que prolifera em muitas bocas dos mortais do há sempre uma primeira vez para tudo é sem dúvida oriunda da sabedoria e experiência popular. Por isso verdadeira.
Muito são os mortais que se confrontam com uma primeira vez. E a divagação sobre as dias (primeiras) são muitas;
As nefastas ou causadoras do infortúnio:
A primeira vez que alguém toma drogas,
A primeira vez que alguém comete um crime,
A primeira e ultima vez que alguém ousa o suicídio,
Etc, etc.
As benévolas e saudáveis:
A primeira vez que alguém se entrega ao prazer carnal,
A primeira vez que alguém experimenta algo inovador ou fora do comum,
A primeira vez disto, ou daquilo.
Enfim, existem imensas primeiras vezes, muitas das vezes nem nos apercebemos de experimentarmos tais situações.
Mas a primeira vez a que me quero referir é para os jovens, para os iniciantes na vida laboral.
É tramado ser jovem, recém licenciado ou não, e procurar o primeiro emprego. As expectativas hoje em dia, infelizmente, não são muito favoráveis e um jovem que procure estabilidade financeira para assim seguir o seu percurso normal na vida, a concretização dos seus objectivos, é obrigado a passar por um rol de experiências agonizantes e desesperadas que não são nada fáceis de suportar.
O mercado de trabalho não está fácil e muitas vezes as expectativas que são criadas durante o ensino estão completamente fora da realidade ou desadequadas. Hoje em dia conseguir trabalhar em algo que se gosta, ou que para isso se tenha sido treinado, formado é muito difícil, impossível em muitos casos.
Vale para isso a perseverança e a esperança.
Vale para isso a insistência nas primeiras entrevistas de trabalho.
Vale para isso a confiança.
Vale para isso a valorização pessoal.
Boa sorte para os que se encontram nesta situação de primeira vez.
cuivis dolori remedium est patientia (A paciência é remédio para cada dor)
Fiquem bem,
Quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2005
Crença para uns, banalidade para outros o destino é várias vezes invocado quando algo fora do comum ou diferente acontece na vida dos mortais.
O emprego desta palavra (destino) não é novidade nem muito menos inovação. Existe desde sempre e justifica ou satisfaz a maior parte dos mortais relativamente a determinados factos, ou situações, no decurso das suas vidas.
Analisemos então a questão:
Para os crentes (no destino) um mortal está pré destinado para algo ou alguma(s) coisa(s) durante a sua vida. Ou seja, não seria o destino mas sim os destinos . Seria difícil contabilizar, quantificar quantos destinos existiriam na vida duma pessoa. Toda a acção ou situação teria que ser englobada na categoria destino. Desde a situação/acontecimento mais banal ao mais elaborado ou diferente; tentarei explicar;
- Acordou demanhã (1 destino)
- Tomou café (outro destino)
- Tomou banho (mais um destino)
- Saiu para a rua (outro)
- Foi para o trabalho (outro)
- Fez sexo com a vizinha(o) que é modelo (bem apreciado)
- Ganhou a lotaria (mais um daqueles que todos gostariam)
- Etc, etc.
É evidente que entre cada acção aqui descrita estão infinitas outras acções.
Ou seja os, dias, semanas, meses e anos seriam repletos de destinos.
Como é obvio um crente não pode desassociar os destinos mais importantes dos menos importantes. Ou seja, tudo seria o destino.
Atribuindo então, infinitos destinos para cada indivíduo e multiplicando pela número população mundial, e pela média de vida de cada um teríamos então um caos de destinos.
É uma hipótese difícil de imaginar, mesmo para entidades divinas.
Os mais pragmáticos não acreditam no destino, ou dizem que cada indivíduo fabrica o seu próprio. É sem dúvida a situação menos interessante. Os mortais deixam de acreditar na magia dos acontecimentos e conduzem os seus acontecimentos a seu belo prazer. Quanto muito acreditam somente num destino. O final, o finamento. São donos e senhores das acções e reacções.
Ora então no que é que ficamos?
Talvez na crença de cada um, desde que torne a vida mais benéfica.
Celebremos então, o fado de cada um.
habent sua fata libelli (Os livros têm o seu destino)
Fiquem bem,
Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2005
A imagem é obviamente do filme Gladiator.
Os mortais têm por hábito passar a maior parte da sua vida (temporalmente curta) agarrados a mesquinhices tricas e afins.
Não pode nem deve ser considerado uma critica negativa ou nefasta. É assim mesmo. Faz parte da sua essência. Ser mortal implica (=>) conviver com tais actos e mesmo participar activamente no desenrolar de tais situações. Por algum motivo, desconhecido, tais tricas e lérias alimentam-lhes (aos mortais) o espirito e a alma.
O problema surge realmente quando se deixam absorver infinitamente por este modus vivendus. Nesses casos passam também a implicar a vida dos demais. Trica para aqui, trica para ali e a confusão instala-se e generaliza-se.
Como é óbvio é uma situação que agrada a muitos, aos restantes. O espectáculo ilude e diverte o pobão. Não esqueçam, queridos mortais, que já na antiga Roma, jogos e divertimentos eram organizados para iludir e divertir o povo.
Celebremos então, o teatro da vida.
Fiquem tranquilos
Quinta-feira, 3 de Fevereiro de 2005
O Aquiles está a tornar-se um colaborador assíduo do Olimpo. Desta vez apresenta-nos uma prosa que relembra aqueles que já não convivem no mundo dos mortais.
Fiquem bem e leiam com atenção, pois está excelente.
Ode a um amigo! Que deus esteja ao teu lado.
Morte palavra estranha que esmaga
Até onde resistirei à viagem
Rompendo por entre barreiras num sonho
Imóvel qual vela que brisa apaga
Observo impotente esta imagem
Mesmo quem me circunda não me seduz
A pena da vida que tudo reduz
Não se revela naquilo que eu sou
Único, uno, só, eu não me sinto em mim
É bela a sensação que me invade
Louco, embriagado estou perto do fim
Leve, insegura aquela pena cai
Enquanto o voo dura a vida vai
A superfície final aproxima-se
Não sei se hesito no corte radical
Do último momento só lembro a dor
Resplandecente do sol da vida é a cor
Onde decido ficar qual animal
Selvagem a que resolveram enjaular
Imparável liberto-me num instinto
Maldito nó que se recusa a apertar
O silêncio invade-me nada sinto
E os meus pensamentos são caravelas
Sem rumo que qualquer brisa naufraga.
Saudade M.S.
Aquiles
Terça-feira, 1 de Fevereiro de 2005
Todos os mortais buscam por algo na vida. Mesmo aqueles que se julgam realizados e que mais nada esperam ou anseiam, têm no seu interior, no âmago da sua alma, uma força interior, uma doença benévola para uns, malévola para outros, mas irrefutável para todos. A insatisfação.
A insatisfação corrói a alma de qualquer um. Embora considerada a maior parte das vezes nefasta, ou pouco própria, ela (a insatisfação) possui uma vertente bastante positiva na vida dos mortais. Não os deixa morrer. Obriga a alma a um esforço constante para se libertar do seu mal estar. Pelo menos para alguns.
Valente guerreira, luta diariamente com o mal incrustado na vida de muitos. A rotina ( a ver: artigo de 01/Outubro/2004, O círculo perfeito e a puta da rotina) nossa, e a alheia.
Celebremos então, a insatisfação que há em nós.
vox clamantis in deserto (A voz que clama no deserto)
Fiquem bem,