Terça-feira, 29 de Março de 2005
Já nada me dizem
pessoas que sorriem todo tempo
pois de mim nada escondem...
Penetro nessas assoalhadas de gente
tentativas goradas de ser o que não são...
Já as conheço bem
não me deixo escorregar.
Libertai-vos dos vossos demónios!
Libertai-vos da vossa vida mesquinha e redonda!
Libertai-vos dos vossos medos!
Libertai-vos da angustia que vos consome a alma e o espirito!
Sois livres, não compreendem?
in dubio libertas (Na dúvida, Iiberdade)
Saudações para todos vós,
Quinta-feira, 17 de Março de 2005
O Aquiles desta vez explica-nos o que são míscaros. Eu gosto! Do arroz com os ditos.
Fiquem bem, que este Zeus vai gozar uns dias de férias.
Até ao meu regresso!
Caros amigos.
Saberão V. Exas. o que é um míscaro? Com certeza que sim.
Curioso nome, não acham? E sabe bem dizer...Míscaro.
Divaguemos, então, sobre esta magnífica oferenda da Mãe Natureza.
Um míscaro é um cogumelo. Mas não é um cogumelo qualquer. Encontra-se nos pinhais frios e húmidos do interior norte português e nas matas arenosas do litoral.
Há quem atribua o nome de míscaro aos cogumelos brancos que usualmente encontramos nos supermercados. Mas o verdadeiro míscaro é amarelo e desponta qual ave recém-nascida do seu leito húmido, aconchegado por musgos verdes e caruma molhada. A racha que origina no solo o seu despontar é uma maravilha da natureza. É deveras espantosa a sensação de descoberta de um míscaro, o delicado desviar das folhas mortas, a raspagem da terra em seu redor, a introdução delicada do objecto pontiagudo evitando ferir o cogumelo. Deve-se escolher apenas os exemplares mais jovens pois os mais velhos são impróprios para o consumo. Alguns são venenosos, não se devendo por isso arriscar o seu consumo sem conhecimento prévio das suas características.
Qualquer associação livre das ideias resultantes deste texto e das imagens será de total responsabilidade do autor...das ideias!
Um bom fim-de semana e boas colheitas.
Aquiles.
Segunda-feira, 14 de Março de 2005
O clube, grupo, união, aquilo que se queira chamar tinha regras simples e básicas.
Cada um dizia o que bem lhe apetecia. Todos podiam expressar opiniões, ideias, tretas e merdas assim. O veiculo era a palavra, por vezes a escrita ou as duas coisas juntas. Mas o importante era a liberdade mental. Não havia pruridos, acanhamentos, reservas ou o dito pé atrás. Não havia razão para isso.
As pessoas às vezes nem se conheciam, mas isso também não era importante pois passado pouco tempo a irmandade estava formada. Caraças! como era boa a sensação de leveza. Cada um exalando o seu demónio.
Mais tarde a dependência, uns já não viviam sem os outros.
Era como que existisse uma cabeça gigante, una, formada por aqueles cérebros todos juntos. E para uma tomada de decisão, individual, o todo fosse chamado. Afinal cada um dizia mesmo o que lhe vinha à cabeça. Os temas eram vastos. A política e o estado do pais, dos países, a globalização, o crime, a corrupção, as compras a fazer para o dia seguinte, a puta da vizinha, satisfações, insatisfações, felicidades, infelicidade etc e tal.
Reuniam-se normalmente às sexta-feira, era o dia que a todos dava jeito. Mesmo quando não estavam reunidos todos se sentiam bem, em segurança. Bastava pensar que havia mais uma dúzia de pessoas que comungavam do mesmo, que suspiravam pela sexta.
O dia da liberdade.
decipimur specie recti (Enganamo-nos pela aparência do bem)
Fiquem bem, que eu hoje vou deliciar-me com a musa Mariza.
Quarta-feira, 9 de Março de 2005
Nunca jamais em tempo algum um mortal poderá dizer que se conhece a si próprio, que identificou a sua estrutura básica, que reconhece todas as características inerentes ao seu ser. Muito menos poderá dizer que conhece os outros, os demais, aqueles com quem convive e se relaciona.
No decurso da vida muitas vezes apercebemo-nos de atitudes ou tomadas de posições que nos espantam a nós próprios, as quais julgaríamos impossíveis em outras alturas ou situações. Tal acontece porque o ser humano é basicamente imprevisível. Nos recantos mais sombrios ou iluminados da consciência de cada um, nasce por vezes algo de novo, surpreendentemente diferente e capaz de modificar a vida e a consciência de cada um.
É por isso, meus caros mortais, que de nós próprios nunca devemos dar por certo.
Quanto mais dos outros.
Celebremos então, o nosso conhecimento.
felix qui potuit rerum cognoscere causas (Feliz o que pode conhecer as causas das coisas)
Fiquem bem,
Sexta-feira, 4 de Março de 2005
Mais uma vez, qual poema retractado na foto da mulher sentada, o Aquiles intervém no Olimpo com um poema de sua autoria.
Perdoem-me a impertinência. Prometo acabar com os poemas e voltar às prosas.
Bom fim-de-semana!
Escrever poemas é bestial
Fazemos o que nos apetece
Sem nos movermos do nosso local
O que sonhamos aparece
Se digo que a vida é bela
Imediatamente ela é
E quando beijo a boca dela
Que sonho!
Posso escrever com rima
Deste com o verso acima
Ou então baldar-me e não rimar
E apenas vaguear...vaguear
Vaguear por este lago branco
Onde nenúfares são as frases
Por onde saltito num encanto
De que muito poucos são capazes.
Aquiles
Fiem bem,
Terça-feira, 1 de Março de 2005
O Aquiles presenteou o Olimpo com mais uma das suas prosas, desta vez acompanhada da respectiva imagem. A carga emotiva é notória. Leiam com atenção.
Some kind of monster!
Hoje estou triste não sei porquê
Chamo por mim e ninguém responde
Pergunto quem é que me esconde
É a mentira que a verdade vê
De que servirá tentar amar-me
Por quanto nem sequer me conheço
Será amor meu o que mereço
Quando nem sequer consigo dar-me
Talvez seja medo o que sinto
É facto que a ninguém consinto
Que se chegue e rode o trinco
Da porta que está encerrada
Pessoas novas estão presentes
Situações novas evidentes
Dão-me fortaleza essas gentes
Mas tomo a direcção errada
Fugindo descubro não sei onde
Um belo ábaco empoeirado
Sorvo água pura de uma fonte
Dela me sinto embriagado
O poema falava do cego
Que d'amor na alma consumido
Na penumbra vivia com medo
De acordar o amor sentido
Só lembra que um dia formoso
Sob azul céu de sol luminoso
Em seus ardentes olhos os seus fixou
Nessa hora a viver começou!
Um abraço.
Aquiles.
Fiquem bem,