Nesta altura festiva, de júbilo, é comum deixarmos os nossos pensamentos fugir para aqueles que por este ou aquele motivo estão sós, doentes, sem abrigo, aqueles para quem a vida foi ingrata.
Comodamente sentados no sofá lá de casa, olhamos para a televisão que passa a reportagem dos sem abrigo e entre um suspiro ou outro, lá cumprimos a nossa missão, permitindo que os nossos pensamentos lhes sejam dirigidos.
Infelizmente, o pensamento não afecta nem modifica nada. O acto de nos lembrarmos dos outros não tem qualquer acção sobre os que de facto sofrem. Será porventura egoísta, para nossa própria satisfação, é concerteza um louvor ao egocentrismo que existe em cada um. Mas reconforta-nos o espirito e a alma pensarmos nos desafortunados e pobres de espirito nestas alturas.
E a eles?. Nada, simplesmente não acontece nada. Os nossos pensamentos não aquecem nem arrefecem, não dão carinho não acabam com a solidão, não aniquilam o sofrimento. E mesmo que a concentração de tamanha energia vinda do pensamento de cada um tivesse algum efeito sobre os desafortunados ela acabaria num dia ou dois, que é normalmente o tempo que cada um despende nestas alturas para pensar nesses assuntos.
Felizmente existem alguns, poucos, que não se limitam à arte de pensar! Existem mortais que despendem e prescindem dos seus gozos familiares para andar pelas ruas e ajudarem os outros a passarem o tempo dos pensamentos dos outros duma forma mais agradável. Pelo menos uma vez por ano.
Pernicies homini quae maxima? Solus homo alter (Qual é o maior flagelo do homem? Outro homem)
Feliz Ano Novo
À semelhança do telescópio Hubble que nos tem mostrado os caminhos do Universo, desejo que vós, meus queridos mortais, também tenham visão para desbravar os trilhos delineados na vida de cada um.
Boas Festas
Pax Vobis (A paz esteja convosco)
É tão fácil ignorar o chamamento;
É tão simples desligar do que verdadeiramente interessa;
É tão mais belo viver e conviver superficialmente;
É tão mais engraçado ignorar os outros;
É tão cómodo pensar em si próprio.
Não compreendo como ainda existem mortais que sofrem e lutam contra a corrente das facilidades.
Fiquem bem, sofredores